ARTIGO TIJOLO ECOLÓGICO.

PRODUÇÃO DE TIJOLO ECOLÒGICO E A CONSTRUÇÃO DE

HABITAÇÃO EM SÃO LUIS-MA

 

Alan Jorge Saraiva Luz[1]

Prof. M. Sc. Milton Gonçalves da Silva Junior.

Faculdade Dom Bosco – Athena Instituto de Educação

Curso de Especialização em Gestão e Educação Ambiental

 

 

RESUMO

 

O artigo versa sobre a produção do tijolo solo-cimento e a construção de habitação em São Luís-MA, como um material ecologicamente correto e sustentável, de baixo impacto ambiental utilizado no setor da construção civil.  Sabe-se que a construção civil é uma das atividades mais importantes da economia brasileira, ao mesmo tempo é uma das que mais poluem o meio ambiente. Neste contexto, a favor da sustentabilidade, o estudo se propõe a mostrar ao público em geral, principalmente aos moradores da cidade de São Luís, a possibilidade de se utilizar em construções habitacionais tijolos do tipo solo-cimento, resistentes, de excelente qualidade e durabilidade comprovada, além de serem ecologicamente corretos, não utilizando queima de madeiras ou carvão mineral. O estudo também propõe a implantação de um empreendimento de médio porte no município de São Luís, que visa torna-se referência no mercado de fabricação de tijolos ecológicos. A metodologia utilizada compreendeu o levantamento e a análise de referenciais que tratam diretamente do assunto.

 

Palavras-chave: Sustentabilidade. Materiais alternativos. Construção Civil. Tijolo ecológico. Solo-cimento.

 

ABSTRACT

 

The article focuses on the production of soil-cement and brick housing construction in Sao Luis, MA, as an environmentally friendly and sustainable materials, low environmental impact used in the construction industry. We know that construction is one of the most important activities of the Brazilian economy at the same time is one of the most pollute the environment. In this context, in favor of sustainability, the study aims to show the general public, especially residents of the city of St. Louis, the possibility of use in brick buildings housing type soil-cement, durable, excellent quality and durability proven, and are environmentally friendly, not using burning wood or coal. The study also proposes the implementation of a medium-sized enterprise in the city of St. Louis, which aims to become benchmark in the production of green bricks. The methodology included the collection and analysis that directly references the subject.

Keywords: Sustainability. Alternative materials. Construction. Ecological brick. Soil-cement.

1 INTRODUÇÃO

 

A construção civil é uma das atividades mais importantes da economia brasileira e atualmente, um dos maiores desafios da sociedade moderna consiste em resolver a problemática habitacional no Brasil, principalmente, nas grandes cidades brasileiras, afligindo também parte da zona rural.

Sabe-se que o setor da construção civil é um dos que mais geram resíduos e alteram o meio ambiente, em todas as suas fases, desde a extração de matérias-primas, até o final da vida útil da construção.  Além disso, até bem pouco tempo atrás o setor não demonstrava muita preocupação com os custos e prejuízos causados pelo desperdício de materiais e o destino dado aos rejeitos produzidos nesta atividade.

Surge neste contexto, sugestões sustentáveis a partir do uso de materiais alternativos com baixo impacto ambiental, como é o caso do tijolo solo-cimento ou tijolo ecológico como provável solução para o referido problema.  Através deste estudo aponta-se caminhos capazes de diminuir o grande índice do problema de moradia da sociedade, sem, no entanto, agredir o meio ambiente.

O tijolo ecológico também conhecido como solo-cimento ou tijolo modular, é um bloco de terra comprimida (BTC) composto por solo (areia argilosa), água um pouco de cimento e comprimido. Certamente, esta economia de recursos é refletida em menores emissões de CO2 e menor contribuição ao aquecimento global.   Os produtos similares têm apresentado uma perda de 20% se transportado a granel e os politizados, sem controle unitário de qualidade, em cerca de 15%.

O estudo se propõe a mostrar ao público em geral, principalmente aos moradores da cidade de São Luís, a possibilidade de se utilizar em construções habitacionais tijolos resistentes de excelente qualidade e durabilidade comprovada, além de serem ecologicamente corretos, não utilizando queima de madeiras ou carvão mineral. Nesse processo, não há necessidade de levá-lo ao forno, o que acaba por anular a emissão de gases poluentes na atmosfera durante a fabricação fato que não ocorre no processo de  produção tradicional.

O estudo também tem como objetivo primordial caracterizar a implantação de uma fábrica de médio porte no município de São Luís que visa torna-se referência no mercado de fabricação de tijolos ecológicos, produzindo um material que seja barato, ecologicamente correto, de boa qualidade e com grande importância para o crescimento da qualidade e produtividade dos serviços de construção civil.

  Ressalta-se a importância de sugerir ao poder público o incentivo do uso do tijolo ecológico nas construções residenciais principalmente, aquelas voltadas às pessoas de baixa renda, através de projetos de custos mínimos para a referida população.

Entre objetivos específicos proposto neste estudo estão: compreender a noção de sustentabilidade na construção civil, caracterizar as construções habitacionais com o tijolo ecológico e apresentar o tijolo solo-cimento como provável solução para problemas habitacionais no município de São Luís, destacando todo o seu processo de fabricação e a importância para a economia e sociedade.

O estudo defende colocar a disposição da população o acesso ordenado aos meios de informação, produção e capacitação para promoção do processo de produção do tijolo ecológico e da articulação social de mutirões para produção, reforma e ampliação de habitações modelo populares, focado a elevação da qualidade de vida e a transformação social das famílias beneficiárias.

Os tijolos de solo-cimento constituem uma das alternativas mais viáveis para construção em alvenaria. A tecnologia é aplicada às construções de baixa renda, sendo importante considerar alguns aspectos como a economia de tempo e material, bem como facilidade na execução atendendo a segmentos da população na faixa de pobreza, permitindo o uso de  mutirão.

A metodologia utilizada no estudo compreende o levantamento e análise da bibliografia sobre a utilização do tijolo solo-cimento na construção civil. Trata-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica, explicativa-descritiva e qualitativa.

 

2 CONSTRUÇÃO CIVIL SUSTENTÁVEL

 

2.1 Sustentabilidade

 

O desenvolvimento sustentável é uma proposta de ação que preconiza a permanência do processo de globalização e de desenvolvimento histórico-econômico vigente, porém, visando à promoção e a geração de riqueza, a prosperidade e a qualidade de vida para a humanidade.

O desenvolvimento sustentável, expressão criada, discutida, escrita e debatida em vários fóruns, surgiu como uma retórica dos países ricos no intuito de se conciliar o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente, em que pese o sentido e seu uso, laureada de grande apelo e sentido filosófico e ético.

De acordo com Brasil et al (2010):

 

É na tensão entre a necessidade de assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como bem de uso comum da população, e a definição do modo como devem ser apropriados os recursos ambientais na sociedade, que o processo decisório sobre a sua destinação (uso, não uso, quem usa, como usa, quando usa, para que usa, etc.) opera.

 

O desenvolvimento sustentável é aliar o crescimento econômico a atividades que não esgotem nem degradem os recursos ambientais, dos quais depende o crescimento econômico presente e futuro, com a geração de técnicas ou sistemas para a utilização de recursos. Hoje se tem de pensar com seriedade numa nova forma de convivência do ser humano com o desenvolvimento industrial, pelo qual:

a)  Se polua cada vez menos;

b)  Se recicle cada vez mais;

c)  Se recupere o que foi danificado na Natureza através da atividade humana;

d)  Se conservem solos agrícolas

e)  Se desenvolvam formas de energias renováveis;

f)   Se promova o desenvolvimento sustentável e outros.

Modernas tecnologias têm oferecido têm oferecido ao ser humano maior conforto, mas nem sempre qualidade de vida, pela degradação ambiental que provocam, se não se adaptarem rapidamente ao conceito de desenvolvimento sustentável.

O crescimento da população humana, principalmente em grandes regiões metropolitanas e nos países menos desenvolvidos, exerce forte conseqüência sobre o meio ambiente em geral e os recursos naturais em particular.

A incorporação do “sustentável” ao desenvolvimento implica no reconhecimento de limites. Ele é definido como o modelo que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. Tenta compatibilizar três objetivos: eficiência técnica e econômica, justiça social e preservação ambiental.

O desenvolvimento sustentável introduz uma dimensão ética e política que considere o desenvolvimento como um processo de mudança social, com conseqüente democratização do acesso aos recursos naturais e distribuição eqüitativa dos custos e benefícios do desenvolvimento.

 

2.2 Empresas sustentáveis na construção civil

 

A importância que tem uma empresa ser sustentável para a sociedade se fortalece à medida que se perceber que a discussão sobre as mudanças climáticas e a escassez dos recursos naturais  está cada vez mais próxima da realidade atual.  Observa-se o aumento das pressões por parte Instituições ambientais e cientistas que vêm ao longo de décadas realizando estudos sobre o assunto.

Muitas empresas já estão percebendo que ser sustentável é muito mais que levantar uma faixa em defesa do meio ambiente, representa ganhos para as empresas e para a sociedade. Assim, conforme Gomes (2008) considerando o desenvolvimento econômico sustentável:

 

A importância de ser sustentável é aumentar a lucratividade atual e sobreviver como referência num mercado futuro que terá esse elemento como piso para qualquer empresa que atue em qualquer ramo em qualquer parte do mundo.

 

A reciclagem de materiais combatendo o desperdício ou a utilização de materiais alternativos; garantir a economia de recursos importantes como água e energia, já são aspectos relevantes para que uma empresa seja reconhecida como sustentável.

As empresas estão sentindo a necessidade de “buscar práticas alternativas de produção e prestação de serviços que não prejudiquem o meio ambiente e que estejam de acordo com os preceitos de responsabilidade social” (ABREU, 2012). Fala-se, portanto nos dias atuais em:

 

Sustentabilidade empresarial que é o conjunto de medidas tomadas pelas empresas em busca do lucro sem prejudicar o planeta, ou seja, as empresas passam a não se preocupar apenas com os ganhos, mas também com o respeito aos fatores ambientais e sociais envolvidos em todo o processo em que está inserida.

 

A concepção de empresa sustentável, não está voltada apenas para as grandes corporações ou empresas de médio porte, embora tenham sido estas empresas devido a pressões que deram inicio a essa pratica. Qualquer empresa que capaz de manter sua lucratividade e sua saúde financeira, atuando com a preocupação em eliminar, reduzir ou minimizar os danos que possa estar provocando no meio ambiente durante o seu processo produtivo ou de prestação de serviços pode ser considerada uma empresa sustentável.

Muito se tem falado de sustentabilidade, de suas premissas e necessidade imediata e aos poucos se observa que empreendimentos sustentáveis estão se tornando comuns entre alguns setores da sociedade, levando em consideração “os aspectos arquitetônicos e do uso de materiais envolvidos e no tratamento de seus resíduos” garantido que o empreendimento, independentemente de “sua natureza terá uma harmoniosa e correta integração com o meio ambiente e com a sociedade no qual estiver inserido”.  Assim, a opção pelo uso de modernas tecnologias inovadoras, bem como por soluções práticas e de baixo custo são premissas que significativamente já deve estar na mente dos projetistas para evitar improvisações e problemas com a execução do empreendimento (ABREU, 2008).

Estas ideias envolvem diversos setores da economia, como é o caso do ramo da construção civil, tendo em vista que o uso de materiais alternativos e a destinação dos resíduos produzidos são preocupações deste setor. Dentro do âmbito da construção civil, a ideia de uma empreiteira sustentável é algo ainda muito recente em nosso país.

A construção civil é um dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento urbano, e também um dos setores maiores poluidores do meio ambiente, em conseqüência da excessiva quantidade de resíduos da construção e a destinação dos produtos que restam das obras.

Nos últimos anos o setor vem apresentando crescimento em ritmo acelerado. Observa-se também, um crescimento na implantação de programas habitacionais, resultando na construção de conjuntos residenciais, condomínios, atingindo todas as classes sociais.

A construção inteligente e criativa no aproveitamento dos recursos naturais, com a escolha de materiais com baixo impacto ambiental e uma habitação saudável é um dos principais pilares de uma vida sustentável. Práticas sustentáveis não inviabilizam a lucratividade do projeto e a qualidade das obras realizadas.

As construções sustentáveis estão deixando de ser uma tendência, para se tornarem uma necessidade urbana. Assim, de acordo com o Sinduscon (2011):

 

A construção civil mundial é responsável por 40% dos resíduos acumulados e por 40% do consumo de energia do mundo, um sexto de consumo de água fresca e um quarto de toda a madeira colhida [...]. Não é à toa que as construções sustentáveis já não estão sendo mais tratadas como uma questão de modismo, mas está saindo da posição de tendência e tornando-se uma necessidade, cada vez mais presente, nos últimos anos.

 

A demanda criada pelos programas de popular e pela expansão do setor de construção está mudando a paisagem urbana de São Luís, e por isso, algumas empresas deste setor já estão se posicionando diante da opção por construções sustentáveis.

Entre os objetivos da construção sustentável estão: construir edificações com baixo impacto ambiental que ofereça condições saudáveis de ocupação e gerem mais retorno econômico. De acordo com o Engenheiro Ambiental Coetto (2007):

 

Basicamente as linhas-mestras da construção sustentável são: a redução de energia e água e a introdução de materiais reciclados e ou recicláveis (materiais que não agridem o meio ambiente). A construção sustentável precisa é precisa, eficaz e pode ser usada em todas as construções.

 

O mercado brasileiro no ramo de construções sustentáveis, assim como os materiais alternativos ecologicamente corretos utilizados nestas construções, está superaquecido e ainda não está sendo explorado com deveria, o que é um ponto positivo para quem quer entrar no ramo e iniciar uma atividade empresarial.

Daí se observa a possibilidade de atuar no setor da construção como a implantação de um empreendimento cujo produto principal é o tijolo ecológico, pois de acordo como SEBRAE (2009) “há uma demanda de fábrica de tijolo ecológico, devido principalmente, as inúmeras vantagens se construir utilizando este matéria”. Os tijolos ecológicos devem ser fabricados segundo as normas da ABNT.

 As práticas sustentáveis começam no preparo e escolha dos materiais, no caso da construção civil um material de construção de baixo impacto ambiental. Por isso, defende-se outros estudos mais aprofundados sobre materiais e técnicas construtivas que minimizem os impactos ambientais provocados pela construção, em diversas etapas do processo, ou seja, desde a e extração da matéria-prima para a fabricação de materiais até os acabamentos finais da obra.


3 A CONSTRUÇÃO HABITACIONAL COM TIJOLO SOLO-CIMENTO

 

Atualmente, um dos maiores desafios da sociedade moderna consiste em resolver a problemática habitacional no Brasil. Dentre as sugestões para minimizar o problema tem-se o tijolo solo-cimento como uma das prováveis soluções para o referido problema. A fabricação deste produto não consome combustível na fabricação, por dispensar queimas, dispensa colunas em construções de até 50m², quando se fizer necessárias as mesmas poderão ser feitas com o próprio tijolo dispensando com isso toda madeira e mão de obra para confecção da mesma.  

Segundo Abiko (2000) o “solo-cimento foi usado pela primeira vez em 1915  nos Estados Unidos pelo engenheiro Bert Reno, que pavimentou uma rua com uma mistura de conchas marinhas, areia de praia e cimento Portland”.  Porém, só em 1935 a Portland Cement Assciation (PCA) iniciou pesquisas estudando a tecnologia desse material.

Segundo Thomaz (2005), o emprego de solo-cimento na construção de edificações no Brasil foi registrado pela primeira vez em 1945, na cidade de Santarém (PA), onde foi construída em caráter experimental uma casa de bomba com 42m², para abastecimento.

Os solos adequados para o sistema tijolo ecológico são os arenosos, ou seja, aqueles que apresentam uma quantidade de areia 60% a 80% da amostra considerada. Porém, se este tipo de solo não for encontrado no local ou próximo a construção é necessário que se faça a confecção granulométrica no solo encontrado através da seguinte mistura, 70% areia grossa e 30% de silte e argila, misturando uniformemente peneirados, obtendo-se o mesmo resultado.

 

3.1 O problema habitacional em São Luís e as possibilidades para empreendimentos de produção tijolo ecológico

 

Conforme a exposição inicial deste trabalho um dos resultados esperados desta pesquisa centra-se na construção de uma empresa de médio porte com equipamentos para fabricação de tijolo ecológico.

O empreendimento pretendido está em consonância com as empresas que tem seu processo produtivo atrelado ao desenvolvimento sustentável, tendo como particularidade a forma como atuam diante da comunidade ao seu entorno.

Entretanto, não se quer dizer que a utilização do tijolo ecológico em construções é a garantia de impacto zero ao meio ambiente, mas, que com certeza os impactos serão em menor escala. Na fabricação do tijolo solo-cimento a energia entra como um dos componentes para sua fabricação, porém, em quantidade menos do que aquela utilizada na queima dos tijolos tipo cerâmico (PISANI, 2007).

Para iniciar qualquer atividade empresarial, o conhecimento sobre o assunto é fundamental. Além disso, antes de qualquer coisa deve-se fazer uma pesquisa de mercado e uma pesquisa de satisfação pessoal, para constatar se o empreendimento terá possibilidades de aceitação e sucesso.

Assim, como em outras regiões do Brasil, constatou-se o Estado do Maranhão como um todo é carente de empresas que sejam especializadas na fabricação do tijolo ecológico, como o tipo solo-cimento. Assim, reconhece-se a importância de um empreendimento com esta finalidade com sua instalação no município de São Luís, cuja realidade habitacional é bem evidente, ou seja, há um percentual elevado de pessoas vivendo em locais de alto risco e/ou em palafitas sem condições de segurança e higiene.

De acordo o SEBRAE (2009):

 

O grande déficit habitacional que ainda é realidade no Brasil aponta o grande potencial mercadológico para este tipo de produto. Em função das características construtivas dos tijolos ecológicos, o tempo que se leva para construir uma casa popular é reduzido, pois as peças padronizadas facilitam o seu processo de montagem.

 

Para diminuir o déficit habitacional no país, estimado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) em 7,9 milhões de
moradias, medidas como a construção de conjuntos residenciais populares podem gerar alternativas de negócios para empreendedores.

O projeto de implantação prevê a instalação de um empreendimento sustentável, com a aquisição do equipamento necessário para a produção que atenderá todas as classes sociais, respeitando a legislação ambiental vigente.  Pois, sabe-se que a legislação ambiental exige cada vez mais respeito e cuidado com o meio ambiente, exigência essa que conduz coercitivamente a uma maior preocupação ambiental.

A preocupação é de atender às famílias de baixa renda, oferecendo condições de elas terem sua moradia. As moradias deverão ser construídas utilizando tecnologias ambientalmente corretas baseadas no desenvolvimento de novos materiais construtivos que reduzam o custo da habitação para as populações de baixa renda, o impacto ambiental e o desperdícios de material.

Embora, se tenha verificado uma relativa melhoria nos indicadores de acesso à moradia no Brasil, o percentual de moradias inadequadas, localizadas em assentamentos subnormais (favelas e assemelhados), áreas de risco ou de proteção ambiental, ainda é grande (CORDEIRO et al, 2005, p. 12).

A habitação é um dos problemas mais graves da população maranhense hoje. São Luís foi segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a capital nordestina que obteve maior crescimento populacional nos últimos dez anos.

Habitação com tijolo solo-cimento atende a todas as classes sociais, mas pode beneficiar principalmente, a população de baixa renda. Entretanto, não há política habitacional municipal voltada para retirar famílias de áreas de risco e nem criar alternativas habitacionais acessíveis à população de zero a três salários mínimos (BARRETO JR, 2010). Em função disso, por falta de política habitacional voltada para as famílias de baixa renda, São Luís é palco de ocupações desordenadas e surgimento de palafitas.

Sabe-se que crescimento da população humana, principalmente em grandes regiões metropolitanas e nos países menos desenvolvidos, exerce forte conseqüência sobre o meio ambiente em geral e os recursos naturais em particular.

Diante do exposto, percebe-se que competir com a indústria cerâmica, que tem um mercado consolidado, dificulta a entrada dos blocos de solo-cimento no mercado, mas observa-se que o mercado de tijolos ecológicos está sendo reconhecido como o mais viável atualmente, tendo em vista o custo beneficio que ele proporciona e pelo grande apelo ecológico que oferece aos seus usuários.

 

4 processo de fabricação tijolo  ecológico

 

4.1 O tijolo solo-cimento e suas etapas de fabricação

 

É considerado ecológico o tijolo que não precisa de queima, diferentemente dos feitos de argila que, depois de moldados, são queimados em grandes fornos, que além de consumirem madeira poluem o ambiente. Os tijolos ecológicos são feitos de uma mistura de solo-cimento, na proporção de 10:1.

A técnica da fabricação com tijolo ecológico tipo solo-cimento começou a ser utilizado no país nos anos 50, mas, somente na última década vem tendo a importância merecida, face ao seu apelo de sustentabilidade. A fabricação do tijolo solo-cimento se dá através de máquinas de pequeno porte que são as prensas manuais ou motorizadas. É possível encontrar no mercado diversos tipos de tijolo solo-cimento, também de modelos e tamanhos variados. A escolha do tipo e do modelo adequado vai depender do projeto, da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos outras e condições específicas. A utilização do tijolo solo-cimento em construções atende a todas as formas estruturas que o projeto arquitetônico necessita.

 
   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1 – Formas de utilização do tijolo solo-cimento

Fonte: www.construcoessustetáveis.com.br/tijolos-ecológicos/solo-cimento.php

 

 Os tipos de tijolos mais comuns produzidos no Brasil são descritos conforme tabela abaixo:

       
   
     
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 2 - Tijolo maciço                                              Figura 3 - Meio tijolo

Fonte: www.tijoloecololgico-solo-cimento-modular/construçaosustentave/htlm                          

       
   
     

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 4 - Tijolo coluna                                            Figura 5 - Tijolo canaleta

Fonte: www.tijoloecololgico-solo-cimento-modular/construçaosustentave/htlm                          

 

Tipo

Dimensão

Características

 

Maciço comum

 

5 x 10 x 20 cm

5 x 10 x 21 cm

Assentamento com consumo de argamassa similar aos tijolos maciços comuns

 

Maciço com encaixes

5 x 10 x 21 cm

5 x 10 x 23 cm

Assentamento com encaixes com baixo consumo de argamassa

 

½ tijolos com encaixe

 

5 x 10 x 10,5 cm

5 x 11 x 11,5 cm

Elementos produzidos para que não haja quebra na formação dos aparelhos com juntas desencontradas.

 

Tijolos com dois furos e encaixes

5 x 10 x 20 cm

6,25 x 12,5 x 25 cm

7,5 x 13 x 30 cm

Assentamento a seco, com cola branca ou argamassa bem plástica. As tubulações passam pelos tubos verticais.

 

½ tijolo com furo e encaixe

5 x 10 x 10 cm

6,25 x 12,5 x 12,5 cm

7,5 x 15 x 15 cm

Elementos produzidos para acertar os aparelhos, sem a necessidade de quebras.

 

 

Canaletas (vide fig.2)

 

5 x 10 x 20 cm

6,25 x 12,5 x 25 cm

7,5 x 15 x 30 cm

Elemento empregado para a execução de vergas, reforços estruturais, cintas de amarração e passagens de tubulações horizontais.

Tabela 1 – Tipos e dimensões de tijolo solo-cimento produzidos no Brasil

Fonte: PISANI, Maria Augusta Justi (2007, p.6).

 

Conforme descrito nas especificações dos tipos de tijolos solo-cimento “as instalações elétricas e hidráulicas são colocadas através dos furos dos tijolos não sendo necessário rasgar sulcos nas paredes para embuti-las, economizando tempo e evitando o desperdício de material” (CARTILHA DE SOLO-CIMENTO, 2008).

 
   

 



[1] Graduado em Gestão Ambiental pela Uniasselvi (Universidade Leonardo da Vinci). Aluno de Pós-Graduação em Gestão e Educação Ambiental pela Faculdade Dom Bosco-Athenas Instituto de Educação.